História

Não é à toa que o Clube Ipiranga carrega em seu nome a palavra esporte – Ipiranga Futebol Clube. Quem sabe um pouco da história da entidade sabe que ela nasceu da vontade de jovens frederiquenses que tinham, além de talento para o futebol, um sonho: um lugar para jogar bola. Foi um grupo de amigos que, em maio de 1957, durante um bate-papo em um bar da cidade, decidiu dar início a uma trajetória que não seria fácil, mas que traria muitas alegrias para a comunidade de Frederico Westphalen. Em uma assembleia com 47 assinaturas na ata, os amigos, liderados por Nicanor Silveira, criaram o Ipiranga Futebol Clube, com as cores verde e amarelo. A nova entidade ainda não tinha sede, e os encontros ocorriam na sala do Bar Harmonia. Assim foi formada uma comissão, com a incumbência de encontrar uma área visando à construção de um estádio de futebol. Essa história foi preservada e registrada pelo pesquisador Wilson Ferigollo, no livro Driblando a Saudade, lançado em 2010. Ferigollo fez parte do grupo de fundadores do Ipiranga, participando e acompanhando as ações que levaram à construção da sede da entidade.

      A primeira diretoria eleita foi formada por Nicanor Silveira – presidente; Avelino Raul Spillari – primeiro vice-presidente; Dinarte Flores Pereira – segundo vice-presidente; Nerone Campo e Nadir Cerutti – secretários; Antonio Lutz de Farias e Deliblio Flores Pereira – tesoureiros; Elso da Silva Sales e Armindo Giovenardi – diretor-esportivo; Rivadávia Bossoni – diretor-social; Rosalino Ferreira – guarda Esportes; Lino Zanella, Francisco Quatrin e Getúlio L. Nunes – Conselho Fiscal; Edi Primo Cerutti, José Cerutti e Jorge Domingos Zenatti – Suplentes. Também integrou o grupo de fundadores, Maximino Stefanello. O primeiro amistoso ocorreu em 1957, contra o Esporte Clube Juventude, em Iraí, com placar de 0 x 0.

      Tradicional disputa        

     É claro que o surgimento do Ipiranga não foi só comemoração. O município possuía o Esporte Clube Itapagé, acumulando já uma gloriosa história. Com isso, é claro que a rivalidade surgiu, e vários dos fundadores do Ipiranga, que pertenciam ao Itapagé, retornaram à antiga casa. Enquanto isso, o Ipiranga lutava com algumas dificuldades, como inexperiência e situação financeira dos fundadores, além da inexistência de um local para os treinos do time. Em 1957 houve registro de apenas dois clássicos entre os clubes, nos dias 1º e 8 de junho, com duas derrotas do Ipiranga por 3x1. Na época, o patrimônio do clube era um apito, uma bola, um terno de camisetas e calções. Como não havia estádio, os primeiros treinamentos ocorriam no campo do Itapagé, outros em áreas da família Bossoni.

      Entre os primeiros treinadores estão nomes como Adão Castanho, Nívio N. Ludwig, Edi P. Cerutti, Elso da Silva Salles, José Martins, Arlindo Mendonça, Noldir Paloschi, Antonio (Curto) Cerutti, José L. Pereira e Jorge Madruga, o primeiro treinador pago. Os registros dos jogos mostram placar favorável ao Itapagé até o 10º clássico, em 1962, quando ocorreu um empate entre os times, com resultado de 1x1. A vitória do Ipiranga ocorreu em 1963, no 13º clássico, com placar de 1x0 – gol marcado por Marinho – para o clube verde e amarelo.

       A construção do estádio        

      Após duas tentativas de aquisição de área para construção do estádio do Ipiranga Futebol Clube que não deram certo, foi fi nalmente adquirido, em 1959, um terreno de Laurindo Paloschi para a obra. Para angariar recursos foi realizado o sorteio de uma casa e a venda de um loteamento.

      Conforme o pesquisador Wilson Ferigollo, em abril de 1960, o clube lançou o sorteio de seis mil cartelas, quando a entidade tinha como presidente, Edi Primo Cerutti. Já ocorria a terraplanagem da área, com cedência de óleo diesel pela empresa Modesti & Cerutti para o Daer, que colocou suas máquinas à disposição do Ipiranga.

      O andamento das obras motivou atletas, torcedores e dirigentes que ajudavam no trabalho com o plantio da grama. “Foram longos anos de trabalho, pois o desnível do terreno e a grande quantidade de água e pedras prejudicavam a ação das máquinas”, relembra Ferigollo em seu livro.

      A pré-inauguração da praça de esportes ocorreu no dia 1º de maio de 1962, em jogo contra o Esporte Clube Juventude, de Iraí. O placar foi de 3x3. Foi neste ano que o Ipiranga deu início à sua participação no campeonato da cidade. A inauguração do Estádio Edi Primo Cerutti foi em 1963, com bênção de Dom João Hoffmann.

       A transmissão dos jogos        

      Foi a jornada esportiva da Rádio Luz e Alegria que        tornou a positiva rivalidade entre Itapagé e Ipiranga        ainda mais emocionante. Os antigos afi rmam que o        futebol regional teve dois momentos distintos, um antes        e um depois à entrada da emissora no ar. A rádio        transmitia A Resenha Esportiva, com 30 minutos diários de informações, entrevistas e repetição dos gols.

      Para comemorar um ano de instalação da emissora, em 1958, foi realizada a Copa Rádio Luz e Alegria, para ser disputada entre Itapagé e Ipiranga. A disputa foi encerrada em 1960, quando um caminhão desgovernado destruiu a sede do Itapagé, localizada no Bar Elite, da família Pastre. Com a destruição perdeu-se as prateleiras onde estavam os troféus do clube. Para os jogos fora do município – Iraí, Seberi, Tenente Portela, Vicente Dutra –, a difi culdade financeira obrigava a equipe se deslocar em caminhão de carga. O primeiro título regional – 1º Torneio de Verão – foi conquistado de forma invicta, em 1964, disputado contra o Ouro Verde, de Palmeira das Missões; Juventude, de Iraí e Esporte Clube Cruzeiro, de Seberi.

      As apresentações da dupla Gre-Nal        

     Na década de 1960 foram promovidos espetáculos com a visita das equipes juvenis do Grêmio e do Internacional. Em 1976, o prefeito de Frederico Westphalen, Lindo Cerutti, acertou a vinda do elenco do Grêmio para a festa de 21 anos de instalação do município, e colocação das faixas de Campeão Amador de 1975 no Ipiranga. A chegada da equipe – formada por Cejas, Bolivar, Tadeu, Jorge Tabajara, Jerônimo, Neca, João, Carlos, Iura, Alexandre Bueno, e outros – foi um acontecimento na cidade. O tricolor venceu a partida contra o Ipiranga de goleada, por 5x0. Em 5 de março de 1978 ocorreu jogo com o Internacional – com Gasperin, João Carlos, Larri, Beliato (Roberto), Dionísio, Caçapava, Falcão, Vasconcellos (Jair), Valdomiro (Alcione), Bill e Rovanir (Poiani) –, também com vitória do Inter por 5x0.

      Em 5 de março de 1978 ocorreu jogo com o Internacional – com Gasperin, João Carlos, Larri, Beliato (Roberto), Dionísio, Caçapava, Falcão, Vasconcellos (Jair), Valdomiro (Alcione), Bill e Rovanir (Poiani) –, também com vitória do Inter por 5x0.

       O Departamento de Piscinas ou Parque Aquático Ipiranga foi criado em 1966, com elaboração do estatuto, pelo conselheiro do clube, Wilson Ferigollo. A necessidade de ampliação, já no primeiro dia do lançamento, foi abraçada pela comunidade, pois foram vendidos 100 títulos patrimoniais familiares e 50 individuais. No mesmo ano, Nereides Ferigollo foi eleita a rainha do Ipiranga, o que marcou os preparativos para a festa dos 10 anos de fundação, que seria comemorado em 1967.

       Após um problema com a empresa contratada para construir a piscina – o contrato foi rescindido –, o Ipiranga contratou o engenheiro Ricardo Ernesto Schmidt, de Ijuí, indicado por amigos do clube. Foi ele quem projetou a primeira piscina-lago da região. Para concluir a obra foi necessário adquirir mais espaço, com a compra, em 1967, de quatro lotes na rua Olavo Bilac.

      Foram presidentes do Parque Aquático, Alcides Severino Milani, Wilson Ferigollo, Normando Bambini, Jorge Luiz Borella, José Atílio Bossoni, Elso da Silva Salles, José Armando Fortes e Zacarias Fávero. Edi Primo Cerutti, Alcides Severino Milani, Elso da Silva Salles e outros diretores investiram recursos próprios para concretizar o sonho.

       As novas e modernas piscinas do clube foram inauguradas em 9 de março de 1969.

       Mais investimentos        

       De acordo com os registros no livro Driblando a Saudade, a chegada da Cia Construtora Brasileira de Estradas, em 1972, marcou o crescimento do Parque Aquático do Ipiranga. “A proximidade dos escritórios, a relação de amizade iniciada dos engenheiros com Alcides Milani, proprietário dos terrenos e outros diretores, aproximou as partes para grandes realizações”, destaca Ferigollo.

        O primeiro setor que recebeu benefícios foi a equipe, que ganhou atletas. Depois, a presença dos colaboradores da empresa nas programações do parque aquático possibilitou mais investimentos no clube. Foram projetadas arquibancadas, vestiá- rios, campo de futebol sete, churrasqueiras, entre outras melhorias. Foram disponibilizados equipamentos e até mão de obra especializada.

        Em 1975 foram iniciadas as obras do Ginásio Ivanildo Gazzoni, que recebeu este nome em homenagem ao seu idealizador, que custeou as obras da estrutura.